Sunday, October 21, 2007

Histórias fantásticas de Gautier

Pierre Jules Théophile Gautier, escritor romântico francês nasceu em Tarbes, no sul da França. Ainda jovem foi influenciado pelos contos de E.T.A Hoffmann e por The Bride of Corinth de Goethe. Uma mudança da fortuna da família durante a década de 1830 forçou Gautier a trabalhar como jornalista, fato que o deixou contrariado pelo resto da vida. Foi autor de milhares de críticas literárias, teatrais e de arte. Além do trabalho jornalistico, escreveu muitas histórias românticas, embora seu papel no movimento romântico tenha sido ofuscado pela obra do Victor Hugo. Publicou seu primeiro grande poema romântico, Albertus em 1832. Afastou-se dos românticos e, dois anos depois, publicou sua obra mais conhecida como novelista, o romance Mademoiselle de Maupin (1835). Produziu ainda obras fantásticas e notáveis contos de temas sobrenaturais, como La Mort amoureuse (1836) e La Comédie de la mort (1838). Suas explorações da psique, em parte estimuladas pelo consumo de ópio, lhe deram maior reconhecimento anos após sua morte quando Gutier finalmente ocupou seu lugar entre os extraordinários escritores franceses do século 19.

Seu conto La Mort Amoureuse (literalmente A Morte Amorosa)teve sua tradução para o inglês em 1907 em The World of Théophile Gautier e, separadamente em 1927 como The Beautiful Vampire. Contava a história de uma mulher que retornou dos mortos para 'vampirizar' o personagem masculino da história. Em The Beautiful Vampire, a mulher, Clairmonde, se fez tão atraente para seu amante, o padre Romuald, que ele preferiu sangrar até a morte do que perder seus encantos.

O tema reapareceria em Aria Marcella, inspirada em The Bride of Corinth de Goethe, na qual Gautier declarou: Ninguém está realmente morto até que não seja mais amado". Em 1863 o romance The Mummy's Foot foi ambientado no Egito. Nessa história, uma múmia que possuia "olhos de verniz brilhando com o brilho úmido da vida" foi comparada a um vampiro morto em seu túmulo...no entanto vivo.

Outra história, Spirite de 1866 fez uso do espiritualismo como ambientação. Conta a história de um homem que experimentou a morte real e simbólica de seu amor. Primeiro ela tornou-se uma freira - morrendo para o mundo e depois morreu fisicamente. Quando a mulher fez seus votos, ela jurou ser dele além do túmulo. O contato foi feito durante uma sessão espírita quando ela o atraiu finalmente para a morte.

Durante os últimos dias de sua vida, Theóphile Gautier morou no subúrbio de Paris, falecendo no ano de 1872. A maioria de seus contos românticos já foram traduzidos para o inglês e alguns também podem ser encontrados em português.

Thursday, October 11, 2007

Superstições e costumes estranhos

Crendices sempre me fascinaram. Sempre tentei entender de onde vinham aquelas regras fantásticas de não passar por baixo de uma escada, bater na madeira para dar sorte, deixar cair sal no chão e colocar duas facas cruzadas sobre a mesa ser um prenúncio de uma azar e discussão...

O receio em passar debaixo de uma escada vem do Cristianismo, pois caminhando entre uma escada e uma parede você quebra o triângulo, antigo símbolo cristão da Trindade; bater na madeira para ter sorte é um resquício de religiões primitivas onde o homem adorava a natureza (as árvores) na esperança de obter auxílio na sua luta pela sobrevivência; deixar sal cair ser um prenúncio de azar é porque durante muito tempo o sal era precioso, sendo o único processo que permitia a conservação da carne durante o inverno; e a história das facas eu realmente não sei!

Outras coisas que achei:

Escócia: Três cisnes voando juntos prenunciam uma catástrofe nacional; o vermelho e o verde nunca devem ser usados juntos; dá azar ficar de pé de costas para o umbral de uma porta, postar cartas de amor no Natal e trazer uma pá para dentro de casa.

Irlanda: Dá sorte entornar bebida no chão.

Malta: Ainda existem algumas igrejas que possuem dois relógios, um com a hora correta e o outro desregulado para confundir o Diabo sobre a hora da missa.

Islândia: Dá azar atirar em uma ave que esteja seguindo um barco; uma mulher grávida que beba em um copo trincado arriscará ter um filho com lábio leporino.

Holanda: Pessoas com cabelo ruivo trazem infelicidade; quando se toca na madeira deve-se fazê-lo em uma madeira crua, sem tinta.

China: Deve recear-se de mortes ocorridas por desastres ou crime pois o espírito pode vingar-se no sétimo dia.

Japão: Dá azar segurar um pente com os dentes; matar uma aranha pela manhã é destruir uma alma humana; a maioria dos gatos dá azar; os números 4, que pronunciam-se 'shi' também significam morte; os 9, que pronunciam-se 'ku' significam dor; o 42, 'Shi-ni', também significam morrer; os 420 são descriminados pois significam espírito; certos prédios no Japão não tem o quarto andar e certos hospitais não tem quartos de número 9.

Nigéria: Varrer a casa de noite dá azar, porém de dia dá sorte e depois que uma visita sair afasta os espíritos malígnos.

Friday, September 28, 2007

Transylvania Press

A editora Transylvania Press foi fundada em 1994 por Robert Eighteenth-Bisang e em pouco tempo tornou-se a principal editora "vampírica" e de literatura de não-ficção.Eighteenth-Bisang começou a interessar-se por Drácula e vampiros nos anos 70 e então iniciou uma coleção de livros, revistas e até vídeos sobre o tema. Aproximando-se do fim do século XX, ele já possuia o que foi chamado de 'maior coleção sobre vampiros do mundo'! Sua coleção tem vários volumes raríssimos cujas obras são as únicas existentes.
A editora Transylvania Press teve início com a reimpressão de Drácula de 1904, e provou sua importância na interpretação de Drácula apresentando algumas passagens que Bram Stoker considerou menos essenciais no texto.
Nos últimos anos foi realizado um intenso trabalho bibliográfico, cujo resultado aparece em algumas publicações. Nesse processo, Eighteenth-Bisang tornou-se possivelmente a pessoa mais versada do mundo sobre a evolução da literatura de vampiros. Em 1997 foi o convidado de honra em Drácula'97: Celebração do Centenário em Los Angeles.

Transylvanian Simposium of Dracula 2005 (fotos)
http://www.ucs.mun.ca/~emiller/tsd_gallery.html

Wednesday, September 5, 2007

Dark Delicacies


Dark Delicacies é a maior livraria americana dedicada ao horror e aos vampiros e serve desde 1995 àqueles como eu, fãs de ficção, filmes e todo tipo de bugingangas. A loja localiza-se na Califórnia e pertence à Dell Howison e sua esposa Sue, e acabou por se tornar ambiente de vários documentários do gênero horror e fantástico. A Dark Delicacies foi uma das principais patrocinadoras da Dracula'97: A Centennial Celebration, evento que comemorou o centésimo aniversário da publicação de Dracula.
A loja tornou-se lugar cativo de diversas comunidades de fãs, como o Phanton Coaches Hearse Society e a Undeads Poets Society. Ela atende a pedidos de colecionadores e pode ser contatada no 3725 W. Magnolia St. Burbank, CA 91505.

Monday, August 13, 2007

Demência 13


Quem diria, o grande Francis Ford Coppola iniciou-se como diretor de longa-metragens com um filme de horror chamado Dementia 13. Isso aconteceu nos anos 60, mas precisamente 63, década em que Hitchock estreiava a obra prima Psicose.
O filme conta a história de uma família que todos os anos fazem uma celebração um tanto estranha: comemoram o aniversário de 29 anos da morte da filha Kethleen. Acontece que naquele ano, uma série de assassinatos assombram o castelo da família Haloran. Puro suspense...
Esse filme é uma raridade e li, não me recordo onde, que foi considerado um dos melhores da década de 60.
P.S Não sei se sou a única, mas adoro os cartazes dos filmes de horror dos anos 60 e 70.

Friday, August 10, 2007

Guy de Maupassant


Um dia meu namorado chegou em casa com o livro "Contos fantásticos: O Horla e outras histórias" de Guy de Maupassant. Devorei o livro e Maupassant, então, tornou-se um dos escritores mais incríveis para mim. Além de "O Horla", o livro inclui "O medo", "A morta", "A mãe dos monstros", dentre outros contos. Leitura obrigatória para quem gosta do gênero.

Sunday, July 29, 2007

O Corvo - tradução Fernando Pessoa

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,

Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

Libertar-se-á... nunca mais!

Fantástico Edgar Allan Poe



Esta semana consegui assitir dois filmes clássicos e fantásticos (!): The Raven e The fall of the house of Usher. Ma-ra-vi-lho-sos! É muito bom ver filmes que não têm exagero de efeitos especiais, explosões, etc. Esses clássicos sustentam-se no diálogo, nas atuações (um tanto dramáticas) e na história, baseadas em contos de Edgar Allan Poe.
Já estão em minhas mãos The Pit e The Murders in the Rue Morgue, também baseados em contos de Poe e The Mark of Satan um filme de Mario Bava - primeiro filme que irei assistir desse diretor.
Uma curiosidade: tive a impressão de que O corvo e A queda da casa de Usher foram filmados na mesma casa.

Thursday, June 28, 2007

Filosofia do horror ou paradoxos do coração

O escritor Noel Carroll em seu livro A filosofia do horror ou paradoxos do coração, aborda minuciosamente o tema horror desde uma importante descrição do gênero até uma visão geral do horror moderno. O livro divide-se em A natureza do horror - definição, estrutura das imagens horrendas; Metafísica e horror ou o relacionamento com as ficções - aborda a identificação com o personagem; Enredos de horror - características e exemplos do suspense e fantástico; e por fim Por que o horror? - ideologias e o terror moderno.

Comprei esse livro num sebo e é um dos melhores livros que tenho do gênero. É excelente para quem quer se aprofundar um pouco mais no assunto.