Monday, May 19, 2008

Entrevista de Gaiman sobre o Graveyard Book

Por Anne KG Murphy

Você fez muitas colaborações com Dave McKean. De que forma essa foi diferente para você?

A dificuldade em todas serem singulares é o fato de serem sempre diferentes – essa foi feita com restrições estranhas de tempo e a maior parte das ilustrações foram concebidas por Dave sentado próximo a mim, depois de ler e dizer “fale-me sobre o início do capítulo 6,” então, rabiscando e me fazendo descrever onde exatamente Bod estava sentado...

Você contribuiu muito na forma como o livro foi ilustrado (além de escrevê-lo, é claro)?

Eu vi alguns rascunhos que Dave fez em uma exibição de galeria no ano passado e continuei dizendo “eu amo aquelas pinceladas… você poderia usá-las no Graveyard Book?” e ele fez. Mas eu acho que ele teria feito de qualquer maneira.

O livro The Jungle Book, antes de você nomeá-lo The Graveyard Book, foi descrito como uma série de histórias com lições morais. Você escreveu os capítulos do Graveyard Book como histórias separadas e visando impregná-las com lições morais?

Eu devo ter perdido as lições morais do Jungle Book. Sim, eu escrevi os capítulos do Graveyard Book como histórias separadas que formam um romance. Se existem quaisquer lições morais nelas, são para o leitor descobrir.

No livro, Bod chama atenção para si próprio quando ele vai para a escola para tentar e prevenir outras crianças de serem atormentadas por valentões. Implicavam com você quando você era menino?

Às vezes. A pior – eu tinha uns 12 anos – eu falei com meu pai sobre isso e ele me mostrou como lutar para que da próxima vez o sujeito implicasse, eu bateria nele como havia aprendido. Então, eu o fiz sair correndo chorando com o lábio sangrando e acabou aí. Mas a tirania é mais traiçoeira e muito difícil de parar.

Muito do livro parece ser sobre limites e suas (nem sempre sábias) travessias e também como as coisas mudam quando as perspectivas mudam. Esses foram temas conscientes?

Sim. Bem, as fronteiras estão sempre presentes – entre o cemitério e o mundo além, entre vida e morte e sua travessia.

Você não escreveu todo o livro de uma única vez, em ordem. Como aconteceu? Você escreveu em ordem depois de terminar o Capítulo Quatro (“The Witch's Headstone”)?

Eu comecei com o capítulo quatro porque ele pareceu o caminho mais fácil para encabeçar na história, sem ter que fazer apresentações. Quando terminei, escrevi o primeiro capítulo e então continuei em seqüência.

Você tinha um cemitério em particular em mente quando você escreveu The Graveyard Book?

Vários. É em parte o cemitério Stoke Newington, sobreposto na paisagem da Necrópole de Glasgow, com o Highgate West atrás … provavelmente alguns outros também…

O Sleer foi inspirado por um mito ou história em particular? É o tipo de coisa que parece novo e familiar ao mesmo tempo.

The Witch's Headstone” foi inspirado pelo The King's Ankus, uma das histórias do Jungle Book, da mesma forma que The Hounds of God foram inspirados pela história de Bandar's Log. No King's Arkus, existe uma serpente que guarda um tesouro antigo – mas o Sleer tornou-se muito mais importante para a história do que aquela serpente uma vez foi.

Se existisse uma compilação de outras histórias ou livros que você leu, aquele que inspirou ou influenciou os personagens ou criaturas nesse livro, quais você colocaria nela? Quais são os trabalhos que você recomendaria aos leitores que tem curiosidade por esse tipo de coisa?

The Jungle Book, a história de Ray Bradbury 'Homecoming' e os trabalhos de P.L. Travers me vem à mente. E eu apontaria Diana Wynne Jones por via das dúvidas dos leitores sentirem sua falta...

Que música você estava escutando enquanto escreveu The Graveyard Book?

Qualquer uma que estivesse tocando no iPod. Muito de Thea Gilmore e Jonathan Coulton and Magnetic Fields. De vez em quando, para entrar no clima, St Saens Danse Macabre.

A música que Mistress Owens canta para Bod: é sua composição?

Ah sim. E eu sabia que estaria terminada, mas eu não sabia quais seriam as últimas três linhas até eu chegar nelas.

Você transformou ou transformará isso em música?

Se eu precisar, talvez, para o audio book. Mas eu gosto da idéia que cada pessoa que ler o livro, criar sua própria melodia para ele...

É uma história cativante e um livro adorável. Obrigada por falar conosco sobre ele.